Como se a imaginação fosse um vício da infância
Criatividade e imaginação são palavras que usamos no nosso dia-a-dia com um sentido positivo e ainda mais quando falamos sobre as mesmas no desenvolvimento das crianças.
Mas o que é a criatividade e imaginação, e porque andam estas palavras na sua maioria das vezes acopuladas uma na outra?
Criatividade envolve a criação de algo novo enquanto que a imaginação é uma faculdade mental que permite a representação de objectos com determinadas qualidades que são dadas á mente através dos sentidos. Agora imaginemo-nos a aplicar estas palavras ao desenvolvimento de uma criança, por certo todos consideramos importante que as crianças tenham imaginação e sejam criativas, mas de que forma fomentamos esta prática na vida das crianças?
A escola, a creche e o jardim-de-infância, são espaços fundamentais para desenvolver estes alicerces. No entanto, não devemos descurar outro contexto importante no desenvolvimento da criança: a família.
Na infância, as crianças observam o mundo que existe à sua volta, e têm uma confiança inabalável na sua imaginação. É nesse espaço que só elas conhecem, na sua mente que se estabelecem ligações inimagináveis, criativas e ilimitadas sobre o que somos, podemos ser, podemos fazer, imaginar e criar.
A sua importância
A importância que a criatividade tem ao nível do desenvolvimento da criança, do ponto de vista cognitivo, está relacionada com um conjunto de processos que ocorrem em simultâneo, de forma a obter novas ideias ou até usar territórios ainda não explorados na nossa mente.
Percebemos agora o porquê das crianças serem espontaneamente criativas. Os seus cerébros ainda estão em «expansão» no que concerne à sua utilização, ao fortalecimento das suas ligações neuronais que não tem um número limite, são infinitas. Mas, temos a certeza da importância de explorar ao máximo as capacidades das crianças, pois sabemos que com o passar dos anos esta expansão neuronal tendencialmente diminuí.
Inteligência é o resultado de duas palavras latinas: inter = entre e eligere =escolher, significando a capacidade de compreensão das coisas escolhendo o melhor caminho.
O meio que nos envolve
Está provado que a nossa carga genética contribuí com 50% das nossas opções, e a restante e igual percentagem está atribuída ao nosso meio envolvente. Existem alguns estudos que atribuem uma maior percentagem para o meio. Atendendo à importância que o meio envolvente tem no desenvolvimento da imaginação e criatividade da criança, levam-nos a reflectir sobre o que potenciamos ou limitamos nas experiências que lhes proporcionamos, sejamos pais ou educadores.
Pistas para a imaginação
Uma das críticas efectuadas nos dias de hoje sobre o desenvolvimento das crianças é que muitas vezes proporcionamos –lhes quase tudo feito, deixando pouco espaço para que as mesmas possam descobrir, explorar, criar ou imaginar. As crianças querem-se imaginativas e criativas, para que possam treinar a sua mente para aprender e conseguir antever consequências de actos que podem acontecer.
Mas, o que podemos fazer? Podemos brincar! ”Mas isso já eu faço!”- dirão alguns pais, mas precisamos de brincar com intencionalidade, mas com a naturalidade que caracteriza a relação entre pais e filhos.
Sugestões:
-Pergunte ao seu filho como correu a escola. Faça isso como sendo parte de uma conversa sem que se torne rotineiro e com hora marcada (no sentido de tornar esta tarefa chata e aborrecida). Mesmo que já tenha este hábito, torne-o ainda mais desafiante para si e para o seu filho, problematize algumas coisas que ele lhe conta, pergunte-lhe a opinião sobre algumas coisas que conteceram e até como seria posssível resolver alguns assuntos que ele conta;
– Realize pequenas brincadeiras de faz de conta criando diferentes personagens, situações e histórias A borracha pode deixar de apagar e passar a ser um carro, uma nave, uma casa ou mesmo um colchão;
– Em casa tenham sempre uma caixa com diferentes materiais como: os tubos de papel higiénico, pauzinhos e conchas apanhadas na praia ou num passeio de campo, e construam objectos imaginados por voçes que depois servirão como novos brinquedos.
– Tenha, sempre que possa, disponível barro, terracota ou plasticina. Irá, sujar um pouco mais o espaço, mas poderá aproveitar também esses momentos de limpeza para proporionar outras experiências ao seu filho;
– Leia histórias ao seu filho (não interessa o tamanho das mesmas), o essencial é que proporcione o contacto com livros e outro material impresso, pois irão despertar o seu interesse e curiosidade pelo imaginário mas também pelo o código escrito.
– Construa livros com o seu filho. Pegue em folhas brancas e em imagens ou algumas fotografias das vossas férias. Faça a montagem com eles e deixe o texto para o seu filho construir de cada vez que estiver a ler as imagens;
– As tarefas quotidianas dos adultos podem ser rotineiras mas para uma criança são uma oprtunidade de descoberta ;
– Incentive a que o se filho tenha diferentes brinquedos para que os possa explorar de diferentes formas.
– Brincar no parque, subir e descer o escorrega, contornar obstáculos, saltar, aprender a dar balanço no baloiço, são actividades que estimulação e imaginação. Nesses dias poderão sempre ser os super heróis do parque e sempre que lá vão, temos um episódio diferente;
Para apoiar a imaginação e a criatividade do seu filho aplique uma de duas regras: dispense dez minutos para estar realmente e apenas com o seu filho a brincar, ou então enquanto realiza uma qualquer tarefa, sente-o na mesa deixando explorar uma das brincadeiras mencionadas anteriormente e vá conversando com ele criando-lhe desafios. Pode não ver de imediato mas está a construir bases para o futuro.
Ken Robinson dá este exemplo: ”Se perguntarmos a uma turma do primeiro ano de escolaridade quem é que se acha criativo, todos levantarão a mão. Se fizermos a mesma pergunta a uma grupo de alunos mais velhos, a maior parte não se considerá criativa”. O mundo é um lugar ilimitado e através da imaginação e criatividade das crianças descobrimos as soluções mais interessantes para resolver obstáculos na nossa vida.
Aproveite o tempo que tem com o seu filho, não se culpe, seja criativo!