A adolescência é uma etapa do desenvolvimento marcada por diversas transformações corporais, hormonais e comportamentais. Os jovens apresentam mudanças nas suas relações sociais, requerendo muitas vezes um tempo de isolamento e afastamento com a família e de aumento de proximidade com os pares / grupo de amigos. Estas relações revelam se de extrema importância para a exploração do mundo e na construção da identidade do seu filho, essenciais para a sua vida individual.
Por alturas da adolescência os filhos começam a querer afirmar-se como independentes. Procuram autonomizar-se e fazerem-se de crescidos já com capacidade de decisão, de escolha, num processo de afirmação perante os pares. Na adolescência, há um afastamento natural, para que os filhos possam testar sua autonomia.
No encantado mundo da paternidade existem, como nas fábulas, reis e rainhas, príncipes e princesas. Curioso é reparar que assistimos, com maior frequência do que seria desejável, que no mundo real, esses mesmos papéis parecem frequentemente invertidos. Que os reis que “mandam” são os mais pequenos e os príncipes que os seguem são os “grandes”. São quem decide, por si e pelos outros. Que escolhem, que ordenam, que com a sedução encantadora, a tirania da birra e amuo ou através da chantagem levam a água fazendo girar o seu pequeno moinho. Apesar de serem o mais importante na vida dos pais, não são reis. Fazer os filhos sentirem-se amados é fundamental, mas não os fazer sentir que são os reis e rainhas lá de casa. São sempre os príncipes e princesas.
É desejo de todos os pais que os filhos sejam felizes. Mas nem sempre sabem como podem contribuir nesse sentido. Pelo menos numa percepção destes mais imediata. Os pais quando educam, sabem que o fazem não para contrariar os filhos, mas porque é importante sofrer e aprender agora, do que mais tarde no futuro. Não fazem os filhos sofrer de ânimo leve. É um coração magoado e destroçado do pai(mãe) que vai ficar partido e colado com fita cola enquanto durar o sofrimento dos filhos. Mas é assim que tem de ser. Os filhos podem não entender o benefício de determinados comportamentos no momento, mas no futuro irão agradecer. Especialistas defendem que, para crescer, é preciso que os filhos chorem e sintam dor, vivam conflitos e que se sintam confrontados.
Educar é sobretudo amar, e amar é impor limites. As regras e a disciplina são fundamentais numa caminhada para a felicidade em que é preciso dizer não quando necessário. O ajustar do comportamento dos filhos, o marcar limites com regras são mecanismos fundamentais para o crescimento harmonioso da personalidade deles.
Os pais atualmente ainda educam muito para o sucesso e esquecem-se de ensinar para o fracasso, o que me parece ser ainda mais importante. Se o filho for educado para os fracassos, perante uma adversidade vai saber reagir. Encontrar dentro nele a força, a energia e a coragem para gerir a situação. Os bons pais preparam os seus filhos para os aplausos, os pais brilhantes preparam os seus filhos para os fracassos.
Filhos bem sucedidos é o desejo de todos os pais! Queremos que sejam bons no que fazem, que sejam reconhecidos, valorizados e aplaudidos. Bons estudantes, bons desportistas, bons amigos, bem educados, bem comportados, limpinhos, arrumadinhos e sorridentes. É bom que os pais tenham espectativas e desejos para os seus filhos. Funcionam como metas e objectivos a cumprir e mobilizam esforço ao longo do tempo para concretizar esses desejos. Os bons pais preparam os seus filhos para os aplausos, para que sejam bem recebidos, bem acolhidos e valorizados. Fará aumentar a auto-estima dos mais pequenos mas também o ego dos papás grandes. Contudo os excelentes pais preparam os seus filhos não para os aplausos mas para os fracassos.
Saber reagir quando fracassamos é tão ou mais importante que atingir o sucesso. Para conseguir ter um sucesso consistente e duradoiro, o fracasso e a frustração devem de fazer parte do processo de crescimento dos seus filhos enquanto pessoas. É nesses momentos de maior angústia que reflectem sobre o que correu menos bem e que aprendem com os erros. Os aplausos chegarão mais tarde! Virão com o tempo e os filhos apreciarão ainda mais esses aplausos por serem mais permanentes e consistentes. Sentirão que fez parte do seu esforço, do seu empenho, do seu crescimento e do seu mérito.
Estar presente nos momentos de aplausos é bom, mas estar ao lado nos momentos de desânimo é ainda melhor. É nesses momentos que os pais podem inferir no que correu menos bem, reflectir em conjunto e educar para melhorar. Dar sugestões, pontos de vista diferentes, criticar e indicar estratégias e caminhos possíveis de seguir,…
Aprender com o erro, com a experiencia faz-nos vivenciar os caminhos a não seguir e a não repetir. Por mais que os educadores indiquem que não devam ser esses os caminhos, a vivência é um argumento demasiado forte e com o impacto difícil de igualar. Deixe os seus filhos errarem, deixe-os experimentarem, deixe-os conseguirem, promova essa experiencia. Eles aprenderão melhor. Contudo esteja presente nesses momentos para os amparar. Podem cair, mas ajude-os a levantar. O sucesso advirá da experiencia e suportado pelos fracassos, não evitando-os.
Dizer um firme não pode causar dissabores e dores de crescimento aos adolescentes. Que ficam chateados, irritados, com raiva de não verem os seus pedidos, as suas necessidades satisfeitas. É normal e faz parte do processo. Por muito irritados que fiquem consigo lembre-se: os seus filhos não o(a) odeiam. A vida de um adolescente pode ser muito complicada e não se esqueça que a vida deles não gira em torno nós, das nossas vontades e espectativas. O que não significa que eles não precisem de si. Muito pelo contrário, eles precisam de si mais do que nunca.
Por isso é importante que evite gritar com o seu filho adolescente. Isso não ajuda em nada, aliás só perturba a comunicação. Se o seu filho ou filha tem um comportamento desadequado, trate-o como alguém responsável e explique calma e racionalmente por que é que o fez o (a) deixou tão chateado e qual possa ser a consequência. Isso vai fazer toda a diferença!
Se conversar com o seu filho em vez de apenas definir regras, se considerar os seus ponto de vista, se mostrar uma preocupação verdadeira com a sua vida, se não presumir sempre o pior, se tiver disponibilidade lhe para perguntar como foi o dia, será mais provável que consiga fortalecer um relacionamento mais aberto e positivo em que os filhos se sentirão mais confortáveis em conversar consigo sempre que tiverem problemas ou apoquentações.
Ser rígido, com relacionamento distante e frio não evitará que experimentem tabaco, eventualmente drogas, façam sexo, pratiquem pequenos delitos, … Isso só fará com que tentem esconder de si. Mais certo é que, caso se envolvam nalgum problema, provavelmente evitarão contar-lhe. No entanto, se conseguir estabelecer uma comunicação aberta, talvez conseguirá ajudá-los mais, fornecendo opções e escolhas mais informadas e conscientes. Lembre-se, deve sempre manter-se receptivo e acolher os seus filhos e os amigos em casa, e esteja preparado para ouvir as suas histórias. As boas e as menos boas.
Oiça o que o seu filho ou sua filha têm a dizer, mas escute realmente o que estiverem a falar. Pode ser que tenham algo muito importante a dizer, mesmo que de forma camuflada e subtil. Evite dizer que está demasiado ocupado para eles. Entenda que, na verdade, eles já não são crianças. Eles já são os melhores amigos de alguém. Eles já são “uma pessoa”. Já têm reputações, amigos e inimigos.
É uma altura da vida em que se tentam encontrar e definir como pessoas mas têm um ego demasiado elevado. Para eles só eles têm razão, só o seu ponto de vista e o mais correcto. É frequente o pensamento do género “Vocês fazem de propósito para me chatear, têm prazer nisso”. Manifestam um exagerado egocentrismo em que tudo gira à sua volta e as ações dos pais são sempre para o atingir e deixá-lo triste e ser infeliz (dramatização e lamentam-se como nunca).
É difícil de empatizar com os pais. Apesar de não gostarem, sentem a ambivalência entre o precisar da regra e do não, e o querer a liberdade total. É através destas experiências angustiantes que os filhos amadurecem, tornando-se resilientes. Com maior capacidade de reagir face às adversidades que a vida lhes reserva.
Há durante a adolescência muitos momentos em que os filhos pensam “pais odeio-vos”. Na esmagadora maioria dos casos, o verdadeiro significado do odeio-vos, é um amo-te e por favor não me deixem.
Fazer cumprir regras e dizer não chateia os adolescentes. Mas a verdade é que sim, as boas mães são chatas. Ser mãe não é algo que se estude, vai-se aprendendo todos os dias. Em que se erra e se faz o que é certo. As mães são chatas porque são mães e querem o melhor para os filhos, embora eles não percebam isso agora. Sim agora talvez não, mas um dia vão agradecer-lhe em ser uma mãe chata. Vivam todas as mães e pais chatos do mundo. Um dia vão perceber. Por isso, como refere Isabel Stilwell “mães chatas” de todo o universo, unam-se para lhes darem cabo do juízo!